O leitor ingénuo cai facilmente em dois erros fundamentais. O primeiro é o de não perceber até que ponto a sua própria realidade e as suas ideias influem na leitura. Por exemplo, esse leitor não critica a sua ideia sobre Deus e sobre o homem, a sua maneira de ver a vida e a sociedade, os seus problemas e o modo de os resolver. Resultado: acaba por procurar e « encontrar na Bíblia» uma justificação para o seu modo de ver e de viver.
A Bíblia perde toda a sua força transformadora, tornando-se apenas um espelho para a autocontemplação.
O segundo erro é o de imaginar que Deus escreveu a Bíblia pelo próprio punho, e depois a mandou para a terra de modo misterioso; alguns pensam que Deus ditou a Bíblia letra a letra e os homens em nada colaboraram, ou quando muito, foram apenas instrumentos passivos.
Resultado: o leitor ingénuo toma tudo à letra, como se tudo fosse um conjunto de revelações absolutas, inclusive os acentos e as vírgulas.
Jamais se perguntará pelo significado das imagens literárias e dos diversos modos de expressão, comuns ao povo que vivia 20 ou 30 séculos atrás, mas que agora já não são os nossos.
A leitura ingénua da Bíblia leva a um emaranhado de interpretações erradas, exageradas, confusas, misturadas de magia e distantes da nossa realidade concreta.
É uma leitura que vai sempre sofrer a crítica dos fiéis de outras religiões, e principalmente dos que resistem à religião por acharem que as pessoas de fé são muito infantis.
" CONHECER A BÍBLIA" de Ivo Storniolo e Euclides Balancin
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