domingo, 28 de maio de 2023

NÃO QUERO O DEUS DE ABRAÃO!


 NÃO QUERO O DEUS DE ABRAÃO!

Não quero um Deus que , em minha  consciência, exigisse por ventura, que eu matasse o meu filho, como prova de fé. Nem sequer o fez com Abraão. Este é que via em Deus um ser a quem era preciso provar alguma coisa. E a prova de Abraão foi , inutilmente, a prova máxima. ( Só que, segundo a Bíblia, não se concretizou).


Deus não precisa de que eu Lhe prove nada. Conhece o meu interior, a minha intenção, o meu coração, até os meus cabelos, tem-nos contados !

Nas civilizações ancestrais, e creio mesmo que nalgumas tribos, ainda existentes, se praticam estes atos desumanos, para aplacar a ira dos deuses.

Ora, para que serve um deus irado?  - Para nada, porque não é deus nenhum.

Deus é puro amor. E o amor nada exige, tudo dá , tudo recebe, tudo acolhe.

Deus é o TUDO em todos, não tem ira, nem exigências, nem excentricidades.


Também foi usual, e acho que aqui a origem esteve nas orgias romanas, os poderosos do mundo se reunirem em lautos banquetes, a propósito de tudo e de nada.

Claro que sem vítima, não havia banquete. Todos os comensais usufruíam do sacrifício das vítimas, para se banquetearem. Os animais eram a principal matéria prima da comilança.

 E, hoje, embora numa escala ,um pouco mais moderada, ainda continuam os "banquetes", fornecidos agora, já não só aos principais do poder, mas até gratuitamente, a todos os que se dispõem a esperar na fila, até poderem sentar e comer.

Centenas, senão milhares, de cabeças de gado, rios de sangue, exploração descomunal dos recursos da Terra ( e do mar),essencialmente para gente sem fome! ... E tanta fome de Respeito, de Companhia, de Compreensão, de Afeto, de Cuidados, de Atenção, de Alegria, de Amizade ... e por aí fora.

Os banquetes de hoje, tão divulgados nas redes de comunicação , pretendem ser  em louvor do" senhor espírito santo" ?!

Espírito é força, é coragem, é dinamismo. Faz crescer, faz-nos " lembrar de tudo o que Jesus ensinou", para nos tornarmos seus seguidores, discípulos, mensageiros do Bem, da Paz, da Fraternidade entre todos!

quinta-feira, 25 de maio de 2023

A FÉ É COMUNHÃO ! ...


 A FÉ é sã e sanativa, humanizadora, dilatadora da pessoa, quando se partilha. Quando é comunhão. Quando o cristão vive integrado numa comunidade de crentes.


O individualismo faz com que os nossos cristãos andem macilentos e exaustos.

Vive-se tristemente a religiosidade no isolamento, na ausência de comunicação, no anonimato, na massificação, na falta de participação na vida da comunidade.

Estamos desagregados em proporções alarmantes.

...hoje em dia, a maior parte das paróquias atinge uma população de alguns milhares de habitantes.

 Como poderão os cristãos, numa paróquia assim, viver em verdadeira comunidade, se vigorar unicamente a antiga estrutura pastoral?


A Igreja está cheia de clientes, de consumidores do produto religioso, mas carente de membros ativos que se identifiquem plenamente com ela, que se sintam eles mesmos como IGREJA!


quarta-feira, 17 de maio de 2023

A V I D A T O D A


Não basta, porém, vibrar religiosamente com todo o ser; é necessário vibrar com toda a vida, embora seja verdade que é precisamente essa falta de integridade na vivência religiosa que a torna intermitente.. Por não se acreditar com todo o ser, não se vive durante todo o tempo.

 


A vivência religiosa não é uma tarefa precisa, que baste cumprir, sem mais, num espaço e tempo concretos. Não.

É muito mais vasta.

Não se pode seccionar a  fé sem a atraiçoar.

A pessoa de fé adulta começa por não a conceber como qualquer superstrutura, um corpo estranho, postiço à própria vida. Mas como algo que a toda a vida dá sentido...


A religiosidade não é marginal, nem adversária da vida real. Não é sectorial. Não é nenhum rio a correr paralelamente ao rio da vida. Não fica à margem do corpo; nem à margem da terra; nem à margem da história.

( Cristãos Adultos)

sexta-feira, 12 de maio de 2023

UM CRISTIANISMO NOSSO !


 UM CRISTIANISMO NOSSO, COM UMA FÉ ADULTA!


A passividade tem de dar lugar à criatividade de comunidades e pessoas; só assim poderemos chegar a UMA FÉ ADULTA, sem confundir, claro está, criatividade com facilidade, espontaneidade, vulgaridade.


Quem não pressente as enormes margens de criatividade que têm os sacramentos, a oração, a celebração eucarística, as celebrações livres e espontâneas, utilizando formas novas, gestos inéditos, sinais eloquentes que atingem a sensibilidade do homem atual?


Quando as pessoas de hoje passam os umbrais de muitos dos nossos templos, têm a impressão de entrar noutro mundo. O que se passa no ambiente familiar, no trabalho ou no bairro, nada tem a ver com o que ali se diz e se celebra.

A linguagem é outra.


Quão diferente era a linguagem de Jesus!

Os homens rudes do seu tempo sentiam que Ele traduzia, com chave religiosa, a vida real que levavam.

COMPETE-NOS, A NÓS,COMO EM CADA ÉPOCA, VIVER UM CRISTIANISMO « INÉDITO,  SÓ NOSSO».

Sabemos que as primitivas comunidades cristãs viviam demorada e ardentemente as suas vigílias; não havia formalismos nem rituais; para ali era trazida e exposta a vida da comunidade e dela brotavam os sinais e as expressões religiosas.

" Cristãos adultos"

domingo, 7 de maio de 2023

A DESGRAÇA DAS IGREJAS


« A DESGRAÇA DAS IGREJAS É NÃO SABEREM INVENTAR, COM FIDELIDADE, O QUE HOJE DEVIA SER INVENTADO».


 ... Nenhuma pessoa, nenhuma comunidade palpitante de vida, vive exclusivamente de « heranças» . Tudo nelas, irrompe da interioridade, como os versos do poeta, como o abastecimento das entranhas da terra : a liturgia, a oração, as normas que regem a vida; caso contrário, seria simplesmente um movimento de inércia, mas não vida verdadeira.


Contrasta com estas exigências da fé, a realidade dos nossos crentes e das nossas comunidades.

De um modo geral, tem que se afirmar, são pura passividade, estão como que intumecidas e os movimentos que fazem se assemelham aos do robot. As mesmas orações de sempre, os mesmos ritos de sempre, a mesma monotonia de sempre, baseando-se na razão última de que « sempre se fez assim» ...


... Na ordem profana é diferente. O povo cria o seu folclore, as suas canções, as suas festas populares. Há maior participação; nas suas « liturgias» não há nenhum sacerdote monopolizador, cada um traz a sua canção, a sua encenação engraçada, uma simulação, uma representação cómica. A FESTA É DE TODOS. Todos entoam alegremente o hino do grupo, da nação, do clube. Há vibração e vida!


Ao passo que nos nossos templos, em muitos dos nossos templos, continua a reinar a frieza. As nossas celebrações religiosas acabam por ser tão inúteis como as aulas a que os alunos assistem para o professor ver, mas das quais, estão completamente ausentes.

Atilano Alais - CRISTÃOS ADULTOS