OS CAPITALISTAS PODEM CONSIDERAR-SE CRISTÃOS?

 OS CAPITALISTAS PODEM CONSIDERAR-SE CRISTÃOS?

É óbvio que sim, mas tal como  acontece no caso de os outros irmãos e irmãs na fé, o facto de se ser batizado não significa que se é cristão...

...Jesus vê claramente que a maior ameaça aos argumentos para a mudança de pensamento que ele exige consiste num- diríamos hoje- materialismo unilateral.

Jesus diz que ,no caso dos ricos, as suas palavras caem no meio de espinhos:

Eles ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a ganância pelo dinheiro crescem e sufocam a palavra .( Mc.4,19)

Quando Jesus se encontrou com aqueles que multiplicam a riqueza.. um deles perguntou-lhe o que haveria de fazer para « alcançar a vida eterna». Jesus respondeu-lhe que sabia que ele cumpria os Dez Mandamentos, mas que lhe faltava ainda uma coisa: devia vender tudo o que tinha e distribuir o dinheiro pelos pobres...

...Era óbvio que Jesus queria pô-lo à prova: confrontou-o com o princípio fundamental da sua mensagem, isto é, que a piedade e o amor de Deus, por si sós, são inúteis e que é necessário associar-lhes o amor ao próximo.

Jesus diz: Quem quiser compreender isto, que compreenda...

Esta pobreza absoluta não constitui a mensagem política do Evangelho. Mas o cristão tem de fazer tudo o que está ao seu alcance para eliminar as condições de vida indignas para os seres humanos...

... o que Jesus considera decisivo num homem rico é o seu modo de pensar e a disponibilidade daí resultante para partilhar.

- É mais fácil uma amarra de um barco (traduzido incorretamente por « camelo») passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus. ( Mateus. 19,24)

Do livro " QUE DIRIA JESUS HOJE?"  de Heiner Geibler

O SERMÃO DA MONTANHA...

Uma forma de recordar hoje, Jesus, dia em que se celebra a sua morte!

Martinho Lutero defendia a opinião de que o lugar do SERMÃO DA MONTANHA não era na câmara municipal, porque não se pode governar com ele...

 

O SERMÃO DA MONTANHA sempre foi alvo de fortes ataques de todos os setores.

Hitler apelidou os Dez Mandamentos e o mandamento do amor ao próximo de « maldição do Sinai»...

Os marxistas clássicos consideravam ser um obstáculo para as mudanças revolucionárias de cariz violento. 

O Sermão da Montanha  também alvo de muito desprezo e de muita troça.

Bismark estava convencido de que sem moral, sem a norma do Sermão da Montanha é possível fazer política do poder de forma mais livre e com menos escrúpulos.

No entanto, a política de Bismark constitui ela própria a melhor prova de que a falta de ética leva á catástrofe.

Para a Igreja Católica até ao Concílio Vaticano II, o Sermão da Montanha destinava-se apenas aos perfeitos, aqueles que viviam como monges, mas não aos « cristãos mundanos» que viviam no mundo, que tinham família, que trabalhavam...

Alguns teólogos apelidam- no depreciativamente de sermão « fanático-  entusiástico», porque é manifestamente incómodo: o Sermão da Montanha seria o esboço do Reino de Deus na Terra.

O sermão da Montanha faz seguramente parte das obras-primas de literatura mundial, como diz Pinchas Lapide, mas exige -ao que parece- coisas simplesmente impossíveis para o ser humano comum...

Estas interpretações não representam uma despolitização do Sermão da Montanha, antes pelo contrário: elas constituem uma concretização que protege o Sermão da Montanha de ataques baratos, tirando, simultaneamente , consequências políticas de peso.

Resumindo: a história do samaritano constitui a chave de interpretação do Sermão da Montanha. Todos se tornam os próximos daqueles que estão em dificuldades, que sofrem injustiça. Isto significa que o EVANGELHO exige «ação»... Não se trata de teorias, mas sim de ação correta. E é impossível que estas exigências se dirijam apenas às relações entre pessoas. Se quero ajudar alguém, posso ter de aumentar a taxa máxima de impostos ou baixar os descontos, porque uma política fiscal que prejudica a classe média destrói milhares de empresas.

O mandamento do amor ao próximo pode significar também a mudança das estruturas do Estado. Existem situações de injustiça, de abuso do poder, de opressão, de desumanização que contrariam diametralmente o amor ao próximo, mas que só podem ser alteradas pela política.

(Segundo Heiner Geibler em " O QUE DIRIA JESUS HOJE?")

PROCESSOS LITERÁRIOS NO EVANGELHO SEGUNDO S. JOÃO

Com Nicodemos...

O DISCURSO

O DIÁLOGO

O RELATO PARABÓLICO

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O DISCURSO - todos os historiadores antigos utilizavam a técnica  do DISCURSO, próprio para transmitir os sentimentos dos heróis em causa ou a importância do acontecimento a narrar.

Este processo foi usado frequentemente na Bíblia.

Por vezes, o DISCURSO assume a forma de uma  oração. Os discurso em João levam a marca do seu autor. Não são a transcrição literal das palavras de Jesus.

Ex. O DISCURSO DEPOIS DA CEIA - a PRIMEIRA PARTE TERMINA EM: " Levantai-vos, vamo-nos daqui"; a SEGUNDA PARTE - a alegoria da videira e mandamento do Amor; a TERCEIRA - a oração sacerdotal de Jesus.

Estes três discursos contêm temas comuns; devem ter sido compostos para circunstâncias idênticas, nas vigílias em que se recordavam as últimas vontades de Jesus.

 

O DIÁLOGO- é um processo literário, muitos conhecido tanto na antiguidade, como nos tempos modernos.

Os DIÁLOGOS joaninos relacionam-se muito provavelmente com as formas habituais utilizadas pela filosofia popular daquela época.

Um processo facilmente reconhecido nos diálogos de João é o MAL- ENTENDIDO.

No DIÁLOGO com Nicodemos, este parece estar lá para replicar, para dar a impressão de não compreender.

Os rabinos judeus conheciam a expressão " nascer de novo"... Um mestre judeu , de forma nenhuma, teria a ideia de perguntar se era necessário voltar a entrar no ventre maternno. O interlocutor está ali para que o DIÁLOGO possa prosseguir e se possa completar e precisar o pensamento do autor...

É UMA FORMA VIVA DE DAR CATEQUESE.

Outros exemplos: DIÁLOGO COM A SAMARITANA; DIÁLOGO COM PILATOS ( onde João quis mostrar de que natureza era a realeza de Jesus.

RELATO PARABÓLICO- neste estilo, os episódios têm um caráter narrativo mais acentuado. É mais importante descobrir aí o sentido doutrinal do que demonstrar a historicidade dos pormenores. É assim prudente não passar um certificado de historicidade àquilo que poderia  não passar de habilidade do narrador. Ex. A Cura do Cego de Jericó.

( uma recolha de informação bíblica)

O que disse Jesus aos discípulos na última CEIA

 Segundo Marcos -14,22-25

Tomai: isto é o meu corpo

 Isto é o meu sangue da Aliança que vai ser derramado por todos.

Segundo João - 13,3-15

Se EU não te lavar, nada terás a ver comigo.

Nem todos estais limpos.

Assim como EU fiz, façais vós também 

Uma vez que sabeis estas coisas felizes sereis se as puderdes praticar.

Segundo Lucas,-22,14-20

Tenho ardentemente desejado comer esta páscoa convosco.

Isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós. Fazei isto em minha memória. Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue que vai ser derramado por vós.

Segundo Mateus - 26,26-29

Um de vós vai entregar-me. Ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue...

Tomai e comei, isto é o meu corpo. 

Bebei dele todos porque este é o sangue da Aliança que vai ser derramado por muitos para perdão dos pecados.

QUATRO OLHARES SOBRE A UNÇÃO DE JESUS EM BETÂNIA

 OS 4 EVANGELISTAS - MARCOS -JOÃO- LUCAS - MATEUS

PERSONAGENS :

Marcos- Jesus + discípulos +uma certa mulher

João - Jesus  + Lázaro + Marta + discípulos

Lucas- Jesus + um fariseu

Mateus- Jesus + Simão, o leproso

QUEM CHEGA

Marcos- Uma certa mulher

João- Maria

Lucas- Uma certa mulher pecadora

Mateus- Uma mulher

O QUE TRAZ

Marcos- frasco de alabastro com perfume de nardo puro de alto preço

João- Perfume de nardo puro de alto preço

Lucas- frasco de alabastro com perfume

Mateus - frasco de alabastro com perfume de alto preço

O QUE ELA FAZ

Marcos- parte o frasco, derrama na cabeça de Jesus

João- Unge os pés de Jesus e enxuga-os com os seus cabelos

Lucas- coloca-se por trás de Jesus, chora e banha os pés de Jesus com lágrimas e enxuga-os com os seus cabelos

Mateus- derrama o perfume sobre a cabeça de Jesus

REAÇÕES DOS PRESENTES

Marcos - indignados, dar aos pobres,  ( para quê este desperdício? 300 denários!!! 

João- Judas Iscariotes - dar aos pobres. " porque não se vendeu? 300 denários!!! 

Lucas- O Fariseu : " Se fosse profeta saberia que epécie de mulher é esta..."

Mateus- Os Discípulos: " para quê este desperdício?" Vender o perfume e dar o dinheiro aos pobres

REAÇÕES DE JESUS

Marcos - deixai-a! porque estais a atormenta-la ?

João- " Deixa que ela tenha guardado para o dia da minha sepultura

Lucas- Jesus conta  uma parábola, volta-se para a mulher. repreende Simão

Mateus- Porque afligis a mulher? Ela praticou uma boa ação!

CONCLUSÕES  QUE JESUS NOS DEIXA

Marcos- Ela fez o que estava ao seu alcance- ungiu antecipadamente o meu corpo para a sepultura. Há-de ser contado em sua memória. Sempre tereis pobres...

João- " Sempre tereis pobres"

Lucas- Por isso digo-te que lhe serão perdoados os seus muitos pecados porque muito amou : " os teus pecados te serão perdoados; a tua fé te salvou"

Mateus- "Pobres sempre os tereis". Ela preparou a minha sepultura. Há- de ser contado para sempre, em sua memória.

 

 

O PROCESSO CONTRA JESUS segundo Heiner Geibler

 Os quatro evangelistas tentaram atribuir aos Judeus a culpa pela morte de Jesus, desculpabilizando, simultaneamente, Pilatos, o procurador romano...

Mas o que aconteceu na realidade? A resposta é inequívoca: Foram os romanos que o mataram- e mais ninguém, diz Pinchas Lapide. Quem está disposto a libertar os relatos dos evangelhos da sua carga polémica não pode deixar de registar os seguintes factos: a prisão foi dirigida por tropas romanas (Mc.14,43). Foi o direito romano - a Lex Julia Majestatis- que foi aplicado a Jesus. Só governadores romanos possuíam competência... para condenar à morte... A maneira sádica e brutal de execução era romana e desconhecida no direito penal judaico, assim como foram soldados romanos que açoitaram Jesus, troçando dele- e, com ele, de todo o seu povo- como rei dos judeus, cuspido, humilhado e coroado com uma coroa de espinhos, para o pregar, finalmente...numa cruz romana.

Se Jesus pudesse participar no debate, chamaria a atenção para o facto de, naquela época, só os Romanos poderem andar com espadas e de ter sido preso no jardim de Getsémani por uma coorte de soldados. Isto não seria possível se o procurador Pilatos não tivesse sido informado, já naquela noite, de que Jesus havia sido acusado pelos saduceus de juntar o povo à sua volta e de deixar que este o proclamasse Messias contra os Romanos..

Jesus diria igualmente que não foi Judas quem o traiu, mas que foi ele próprio que exortou Judas a entrega-lo aos Romanos, porque queria salvar a humanidade através da sua morte...

Ele disse o seguinte aos soldados e aos servos do Templo que o prenderam:

Viestes com espadas e varapaus, para me prender, como se eu fosse um salteador ! Estava todos os dias junto de vós, no Templo, a ensinar, e não me prendestes . 

(Mc.14,48ss; Mt.26,55) 

                                                                          ....

Jesus foi preso por ser suspeito de amotinação contra Roma. E isto era um caso para os tribunais romanos.

O PAPEL DE DEUS NA VIDA HUMANA

 NO SALMO 139 

SENHOR, TU examinaste-me e conheces-me.

Sabes quando me sento e quando me levanto; à distância, conheces os meus pensamentos. 

Vês-me quando caminho e quando descanso; estás atento a todos os meus passos.

Ainda a palavra me não chegou à boca, já TU, Senhor, a conheces perfeitamente. Envolves-me por todo o lado e sobre mim colocas a tua mão.

É uma sabedoria profunda, que não posso compreender; tão sublime, que a não posso atingir...

TU plasmaste as entranhas do meu ser e formaste-me no seio de minha mãe.

Dou- te graças por tão espantosas maravilhas; admiráveis são as tuas obras...