desce do céu, por favor;
pois já esqueci as orações que aprendi
com a minha avó.
...
Desce do céu, por favor!
Sei que aí estás, desce depressa,
porque estou morrendo de fome nesta esquina,
porque não sei o que adiantou haver nascido,
porque estou olhando sem entender minhas mãos rejeitadas,
porque estou sem trabalho e não o encontro.
Desce até aqui e repara um pouquinho como é que eu estou:
este sapato furado, esta angústia tremenda, este estômago vazio,
esta cidade sem pão ... a febre a devorar-me a carne,
ter que dormir assim debaixo da chuva, castigado pelo frio,
perseguido.
Eu te confesso,ó Pai, que não entendo.
Desce, por favor!
Toca-me a alma, olha o meu coração:
não roubei nem assassinei, também fui criança...
e, em troca disto tudo só recebo pancada.
Repito, ó Pai, não entendo.
Desce , por favor. Desce de onde estás,
pois procuro resignação em mim e não a encontro.
Vou acabar com raiva e vou apegar-me a ela
vou começar a gritar com o sangue preso na garganta,
porque não posso mais...
Afinal de contas, tenho vísceras e entranhas
porque sou um homem como todos os outros!
Desce, por favor!
Que fizeste, ó Pai, da tua criatura?
Considera-la, por ventura, um animal furioso
que mastiga a pedra da rua?
( Anónimo)
Publicação da DIFUSORA BÍBLICA
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