quarta-feira, 25 de setembro de 2024

... DURANTE TRINTA ANOS

 


TRINTA ANOS DOS TRINTA E TRÊS

De vez em quando, as pessoas perguntam: « É verdade que Jesus andou pelo mundo naqueles trinta anos que viveu em Nazaré?»

É difícil acreditar que Ele tenha vivido 30 dos 33 anos da sua vida num lugarejo tão pequeno como a Nazaré. Tão pequeno que nem se fala dele fora da Bíblia!

Tanta coisa para fazer! Tanta gente para salvar! E Ele a trabalhar, perdido numa carpintaria lá no interior!

Será que ficou por lá todo esse tempo?

Desde os primeiros séculos até hoje que as pessoas inventam viagens que Ele teria feito. Já houve até um programa de televisão sobre as viagens de Jesus na Índia! Porque será?

Quem sabe se a explicação não estará nisto:

OS POBRES TÊM DIFICULDADE DE ACREDITAR NUM POBRE SEM ESTUDOS. ELES DIZEM QUE A VIDA QUE TÊM NÃO VALE NADA.

Por isso acham que não é possível que Jesus tenha levado uma vida assim de pobre durante aquele tempo todo. - «NÃO! NÃO PODE SER».

E a imaginação ganhou asas, fazendo Jesus andar pela Índia, pelo Egipto e por outros lugares.


Mas não foi nada disso. Se quiser conhecer a vida do Filho de Deus durante 30 anos, é só olhar de perto a vida de qualquer morador de Nazaré daquela época, e terá logo a biografia de Jesus! Pois a maneira como eles viviam, de manhã até à noite, foi a maneira como Jesus viveu durante os trinta anos da sua vida em família!

Se Jesus tivesse viajado, o povo de Nazaré não teria estanhado a maneira d'Ele falar, nem teria perguntado : « DE ONDE LHE VEM TUDO ISTO? QUE SABEDORIA É ESTA QUE LHE FOI DADA?» ( Mc.7,15)

... Jesus viveu mesmo lá em Nazaré, trabalhando no campo e na carpintaria. Camponês e operário. Trabalhador. trinta anos dos trinta e três. É muito! E viveu só trinta e três anos. É pouco!

Isto significa que para Ele, Jesus, o mais importante, ... é saber viver, em cada dia, as pequenas coisas, aparentemente sem valor, sem nada de extraordinário, uma vida comum à grande maioria da humanidade.

Foi lá que Ele aprendeu aquilo que ensinou ao povo durante os três anos da sua atividade missionária.

E bastaram três anos para ser preso, condenado e morto pelos homens do poder!

Isto significa ainda que, nessa vida comum, está escondida uma semente que, quando  desabrocha, incomoda os poderosos .

 " Com Jesus na contramão" de Carlos Mesters      

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

SACERDOTES


 A FORMAÇÃO DE UM SACERDOTE, segundo escreve Eugen Drewerman :


Para a formação de um sacerdote da Igreja Católica deveria ser essencial imprimir na alma de alguém, enquanto ela se mantivesse suficientemente maleável e recetiva , 

o sentido da grandeza e da beleza do mundo, e de tal modo que a base natural do seu pensamento e da sua sensibilidade pudesse chegar a ser :

um profundo respeito pela vida,

um inteiro conhecimento da sua diversidade e da sua ordem sagrada
e uma sensibilidade poética para o sentido e o simbolismo de todas as coisas.

...  diríamos que o esforço da Igreja se deveria fazer, não no sentido de formar sacerdotes, mas no de promover nos jovens candidatos, o mais intensamente possível, o elemento sacerdotal.

... a Igreja Católica deveria permitir-se viver, partindo da pessoa humana e em vista à pessoa humana, em vez de constantemente empurrar gente para os antros das suas instituições, esperando depois que o resto do mundo se regule pelas suas ideias ...

...A Teologia da Igreja Católica presume-se bem aconselhada quando ... continua a defender a sua hipótese dogmática de Jesus  ter pessoalmente instituído no cenáculo o sacramento da ordem.
Há contra isso razões de peso -

Jesus nunca se apresentou como" sacerdote" e nunca pensou, rompendo com o povo da Aliança, fundar Ele uma Igreja própria com os seus próprios sacerdotes, os quais, modificando a Páscoa judaica, houvessem de celebrar a sua morte sem derramamento de sangue, comendo a sua carne e beber o seu sangue num banquete divino...

... A figura e a função do sacerdote na Igreja Católica não tem fundamento na História...

... A maneira mais acertada de venerar a Deus consistirá numa " poetização" da existência humana,

 uma poetização que faça parecer os sonhos mais reais do que os pensamentos,
 as instituições mais importantes que as reflexões,
 e a linguagem dos anelos mais forte do que a dos factos concretos...

... a natureza terá de ser reconquistada como um lugar autóctone da experiência do divino.
 Haverá que superar a dor do homem separado da natureza, o que se conseguirá pela

reconciliação com a beleza do mundo que na riqueza das suas cifras e símbolos surge
COMO UMA PONTE QUE LIGA AO INFINITO...

  Em Funcionários de Deus, de Eugen Drewerman